quarta-feira, 2 de maio de 2012

Não sei como conseguimos

Minha irmã Thaís me indicou o filme Não sei como ela consegue com a Sarah Jessica Parker, simplesmente amei. O filme conta a história de uma mulher que tenta conciliar carreira, casamento e criação dos dois filhos pequenos, vencendo dificuldades bem conhecidas por mim. São ótimas as narrativas da melhor amiga da personagem, a comparação que ela faz entre o homem e a mulher que precisam sair no meio do expediente para socorrer o filho doente é a mais verdadeira, pois ela diz que o homem é visto como um herói e a mulher será vista como desorganizada e desleixada. Todos cobram a nossa eficiência em todos os campos e temos que engolir comentários sobre o quanto nossos filhos sentem a nossa falta e sobre o perigo dos nossos maridos arrumarem outra se ficarem de escanteio, todas essas cobranças só não doem mais do que aquela que nós mesmas nos fazemos. A personagem do filme tem que deixar a família de lado para não ser passada para traz por um "colega" de trabalho, quantas de nós passamos por isso todos os dias? Desde de auxiliares de serviços gerais a executivas, as mulheres precisam se desdobrar para conseguir segurar as pontas em todos os campos. Na época da minha mãe as mulheres reclamavam de ter jornada dupla, já que os maridos não ajudavam em casa, por sorte não tenho que passar por isso, mas hoje não somos somente mulheres que trabalham fora, nós somos mulheres que precisam ser extremamente eficientes no que fazemos. Hoje a questão de igualdade de direitos já ultrapassou algumas fronteiras e não temos mais batalhas coletivas e sim individuais. Como comenta outra narrativa do filme não podemos demonstrar insegurança e fragilidade, mas também não podemos agir como homens, pois podemos ser classificadas como loucas agressivas, achar o meio termo é o nosso desafio diário. Hoje fico muitas horas fora de casa e tenho que suportar a angústia de ter que terceirizar a educação da minha filha, não é fácil, eu queria muito ajudá-la a sair das fraldas e largar de vez a mamadeira, queria ensinar muito mais palavras novas a ela, mas essas coisas precisam de muito mais tempo do que o que eu tenho a oferecer atualmente e isso não é fácil de aceitar. Não consigo fazer academia, concluir o MBA, voltar para o inglês e o espanhol, fazer drenagem linfática e limpeza de pele, todo o meu tempo disponível é para ela e para o meu marido, a fim de suprir essa ausência e confortar meu coração. Assim como a personagem do filme, concluir um projeto no trabalho é tão importante quanto a organização da festinha do aniversário dela e TUDO tem que ficar perfeito. O marido da personagem a classifica como uma malabarista, essa é a melhor definição para nós mulheres que temos uma carreira, marido e filhos para administrar, e é exatamente assim que eu me sinto. Apesar de tudo, assim como a personagem do filme, não quero mudar de vida, eu sei quais são e quais serão as minhas dificuldades e limitações no trabalho e em casa, sei que os desafios vão continuar e a única coisa que eu vou ter que fazer é administrar de uma forma que eu não enlouqueça antes de me aposentar. Minha filha precisa e continuará precisando, ainda por muito tempo, do meu carinho e da minha total atenção, eu vou continuar amando o que eu faço e precisando me dedicar muito ao meu trabalho e meu marido continuará precisando que a mulher dele esteja sempre disposta a faze-lo feliz, sinceramente não sei como vou conseguir... Quem quiser mais informações sobre o filme veja o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=pEYU8RUmLgM